Com 140 mil habitantes, Pouso Alegre esta a duas eleições sem conseguir eleger um deputado estadual ou federal que viva na cidade. Para se ter uma ideia, cidades bem menores como Ouro Fino e Santa Rita do Sapucaí tem conseguido eleger campanha após campanha os representantes da sua terra. Esses representantes, por terem sua vida feita na cidade, dão atenção especial aos interesses do município na disputa de verbas junto aos governos do estado e federal.

Para as eleições deste ano, Pouso Alegre tem apenas dois candidatos a deputado federal que vivem na cidade. Para deputado estadual, são nove candidatos. Porém os planos destes candidatos podem estar ameaçados pelos próprios políticos da cidade.

Em matéria da semana passada no Jornal Estado de Minas, foi divulgado que políticos do Sul de Minas estão vendendo votos para políticos de outras cidades. São prefeitos, vereadores e lideranças comunitárias, que passam a trabalhar como cabos eleitorais de luxo para candidatos que muitas vezes nunca distribuíram nenhum santinho na cidade.

Segundo a matéria, alguns políticos chegam a cobrar até R$ 40 por voto obtido dentro da sua cidade. Segundo os políticos entrevistados, com R$ 30 mil se consegue 800 votos para deputado estadual ou federal.

Em Santa Rita do Sapucaí, um parlamentar foi entrevistado e orgulhosamente relembrou o trabalho realizado na eleição de 2010: “Teve deputado que veio aqui uma vez e, mesmo assim, conseguiu 702 votos na cidade”.  Questionado, o político ainda confirmou: “É mais ou menos isso mesmo, R$ 35 a R$ 40 por voto”.

O serviço oferecido inclui pagamento de pessoal para distribuição de material de campanha, lanche para a equipe, um veículo para transporte de pessoal e panfletos equipado com som, além do aluguel de uma sala. Os candidatos ainda dão gasolina e mais R$ 100 para que pessoas coloquem adesivos no carro.

De acordo com a matéria, a prática pode ser vista em todo o estado.

Contabilidade

A legislação eleitoral estabelece que a prestação de contas dos candidatos, independentemente de contratações terceirizadas, é de responsabilidade de quem está na disputa pelo cargo. É obrigatória a apresentação de recibos para os serviços contratados. No caso de pessoal, o trabalho na campanha não gera vínculo empregatício com o candidato ou partido, mas o pagamento também precisa ser declarado à Justiça Eleitoral e de forma detalhada, apontando nomes e CPFs de quem recebeu os recursos de campanha.