Médico (camisa azul) foi preso em seu consultório (Foto: Mauro Miranda Ferreira / WebTerra)
Médico (camisa azul) foi preso em seu consultório (Foto: Mauro Miranda Ferreira / WebTerra)

Um dermatologista que já atuou por anos em Pouso Alegre (MG), teve sua prisão revogada nessa quarta-feira (29). Linton Wallis Figueiredo foi indiciado pela Polícia Civil por estupro de vulnerável, violação sexual e constrangimento ilegal.  O dermatologista, estava preso desde o dia 6 de abril, quando foi detido em Montes Claros (MG).

Segundo o portal G1, o juiz Isaias Veloso, que determinou a prisão e a soltura do médico, disse que o médico havia sido preso para evitar qualquer tipo de pressão em relação às vítimas e testemunhas. Já com o inquérito finalizado e com o indiciamento, o dermatologista foi colocado em liberdade, até mesmo porque, de acordo com Veloso, não pode haver antecipação da pena.

O magistrado afirmou também que apesar de estar em liberdade, o médico terá que cumprir medidas cautelares, como recolhimento noturno às 20h, proibição de contato com vítimas e testemunhas em qualquer hipótese, obrigação de se apresentar mensalmente à Justiça, além de manter o endereço atualizado.

Já o Conselho Regional de Medicina ainda não emitiu uma decisão.

Entendo o caso

A Polícia Civil começou a investigar o médico depois que duas pacientes, primas de 21 e 23 anos, que nunca haviam tido relações sexuais, relataram os abusos. O abuso e o rompimento do hímen durante o fato foi confirmado por exames de corpo de delito.

“A vítima de 21 anos realizou laser que, em regra, não necessita de sedação, porque é quase indolor. Ela ficou de 13h30 até às 10h30 do dia seguinte dormindo em razão da sedação, o que causou estranheza em alguns familiares que já realizaram o procedimento e não tinham sido sedados. Ao acordar da sedação, ela percebeu um desconforto do órgão genital” explica a delegada. “Ao ir no banheiro, ela percebeu que ele havia cauterizado uma pinta na virilha que ela não havia mostrado para ele”, afirma a delegada.

Jovem procurou a polícia após repercussão do caso.  (Foto: Valdivan Veloso/G1)
Jovem procurou a polícia após repercussão do caso. (Foto: Valdivan Veloso/G1)

A jovem foi levada para casa por uma prima, que precisou da ajuda do namorado para conseguir que ela subisse as escadas do apartamento. Ao acordar, ainda sonolenta, a vítima disse se lembrar de alguns momentos em que Linton Wallis tocava no corpo dela.

A mulher foi submetida a exames no Instituto Médico Legal e em uma ginecologista, e ambos confirmaram o abuso. De acordo com Karine Maia, após a constatação, a prima da vítima, de 23 anos, também se atentou que havia sido dopada por Linton Figueiredo durante um procedimento a laser. Ela também passou por exames e foi confirmado o estupro. Em ambas as pacientes, as avaliações médicas constataram que houve rompimento de hímen.

“Ele era uma pessoa renomada e de grande credibilidade na cidade. Quando iniciei a investigação, perguntava sobre ele sem dizer do que se tratava e até cheguei a ligar na clínica. Todo mundo falava muito bem do comportamento dele como médico, então realmente não levantava suspeitas e as vítimas tinham confiança nele”, fala Karine maia.

Segundo a delegada, o médico teria confessado que sempre olhava as partes intimas das pacientes: “Ele confessou que sempre pedia para fazer um exame clínico no corpo da mulher e chegava a olhar as partes íntimas delas, mesmo que se tratasse de um laser no rosto e mesmo que a paciente apresentassem exames laboratoriais”, falou a delegada Karine Maia.

As vítimas contaram para a delegada que o dermatologista sempre realizava os procedimentos com a porta trancada e sozinho. “Ele alegava que não queria ser incomodado, que se alguém abrisse a porta de uma vez poderia virar o laser e atingir a retina de alguém”, fala Karine Maia.

Fotos íntimas

Nos computadores apreendidos na clínica, a Polícia Civil encontrou diversas fotos de pacientes nuas. Estas fotografias estavam guardadas com senha no computador dele, mas conseguimos acessar. São fotos com diversas poses, sendo que, em algumas, mostrando os órgãos genitais. As pacientes não viram estas fotos sendo tiradas”, explicou a delegada em entrevista ao G1 em 11 de maio. Algumas das imagens mostram as partes íntimas de criança de nove anos que fazia tratamento de vitiligo.

Fotografias que seriam de pacientes do médico em Pouso Alegre também foram encontradas nos arquivos. A delegada informou também que algumas pacientes ainda serão ouvidas durante a investigação.

Segundo o portal G1, o advogado Heber Lobato, responsável pela defesa do médico Linton Wallis, afirmou ter convicção da inocência do médico. Segundo o advogado, as informações encontradas do computador são meramente da função e exercício da medicina, na área da qual Linton atua. O processo segue em segredo de justiça.