Em meio às articulações do governo para tentar derrubar a denúncia por crime de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer na Câmara, um deputado Sul-mineiro deverá dar um dos votos para que a denúncia não seja investigada.
Na segunda-feira (10), às vésperas do julgamento, o deputado Bilac Pinto (PR) foi colocado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Ele substitui o colega de partido Delegado Waldir (PR-GO), que era a favor da denúncia.
Furioso com a troca, Waldir compareceu na comissão gritando “bandidos” e acusou o governo de promover barganha. “Governo corrupto, vai cair. Esse governo é bandido, é covarde”, bradou. “Eu não vendo o meu voto, e a minha vaga na CCJ foi vendida pelo partido (PR)”. A oposição manifestou solidariedade ao deputado.
Segundo o líder do PR na Casa, José Rocha (PR-BA), os novos membros estão “confortáveis” para votar na comissão a favor de Temer: “Estamos fazendo a substituição a pedido dos próprios membros que não estão se sentindo confortáveis em votar contra a denúncia”, disse ao G1.
Em entrevista ao Bom Dia Brasil da TV Globo, Bilac Pinto negou qualquer irregularidade em substituir o colega na comissão: “Não há venda de votos. Muito pelo contrário”. Ele também negou a liberação de emendas: “De forma alguma. Já mais me submeteria a um processo como esse”, disse Bilac Pinto.
Em 15 dias, os partidos governistas fizeram 17 substituições de membros na CCJ. O PR de Bilac Pinto foi o que mais fez trocas, substituindo quatro dos seus cinco membros titulares.