Jean Felipe Gallego Martins, peso em 24 de junho pela PM

O Ministério Público Federal de Pouso Alegre denunciou um dos envolvidos no assalto à agência da Caixa Econômica Federal ocorrido há cerca de um mês na cidade de Itajubá (MG). A ação criminosa está sendo chamada de “Novo Cangaço”.

Jean Felipe Gallego Martins, de 32 anos é paulistano e foi denunciado pelos crimes de roubo majorado, dano qualificado e incêndio. O criminoso havia sido abordado na madrugada de 23 de junho pela Polícia Militar em uma estrada vicinal entre Cambuí (MG) e Consolação (MG). Segundo o MPF, as respostas apresentadas por ele no momento da abordagem foram contraditórias e pouco convincentes. Jean Felipe confessou à PM que participou do roubo.

De acordo com o MPF, as investigações demonstraram que Jean Felipe participou ativamente da execução e da preparação do roubo. No dia da ação propriamente dita, ele atuou principalmente como “batedor”, dirigindo à frente dos outros veículos, para verificar eventuais barreiras policiais.

As investigações continuam quanto aos outros participantes da ação criminosa.

O crime

No fim da noite do dia 22 de junho, em Itajubá, três indivíduos encapuzados e armados iniciaram a ação roubando dois veículos, um Voyage e um EcoSport, obrigando as vítimas a descerem dos carros e correr do local. Os criminosos conduziram os veículos até a entrada do 56º Batalhão da Polícia Militar e os posicionaram de forma a impedir a saída dos policiais. Segundo o MPF, os criminosos derramaram gasolina e incendiaram um dos veículos.

O MPF relata que, armados de fuzis, comparsas efetuavam dezenas de disparos contra o prédio da PM, destruindo uma porta de vidro e danificando janelas, aparelho de ar-condicionado e duas viaturas, uma da polícia e outra do Corpo de Bombeiros.

Enquanto isso, os outros integrantes da quadrilha estavam na agência da Caixa Econômica Federal. Por meio de explosivos, conseguiram acesso aos cofres do banco, de onde roubaram dinheiro e joias.

Foto: Polícia Militar

Testemunhas informaram à PM que os criminosos efetuaram inúmeros disparos de armas de fogo para o alto e contra imóveis vizinhos, com o intuito de aterrorizar e intimidar eventuais testemunhas. Na agência, foram encontrados cartuchos e cápsulas de armas de fogo, entre elas, fuzis de uso restrito e até o projétil de uma arma que só é utilizada em guerras.

Além disso, a quantidade de material explosivo instalado pelos criminosos na agência era tão grande e perigosa, que o Esquadrão Antibombas demorou mais de 17 horas para localizar, manipular e neutralizar tais artefatos.

Reprodução Redes Sociais

O MPF informou que a maioria dos carros usados na ação eram blindados e alguns tiveram vidros e estrutura modificados. Além da retirada dos bancos, o que permitiu maior mobilidade interna e capacidade de transporte de armas, combustíveis e materiais, foram feitos orifícios nos vidros das janelas, por onde os criminosos atiravam sem a necessidade de abrir as portas ou descer dos veículos.

Após o roubo, o bando se dividiu e fugiu por estradas rurais dos municípios vizinhos a Itajubá. Em duas oportunidades, ao se depararem com os bloqueios da Polícia Militar, os envolvidos atingiram três policiais, que foram imediatamente socorridos.

Todos os criminosos conseguiram fugir do cerco policial, exceto Jean Felipe.

O “Novo Cangaço”

Segundo o MPF, o “Novo Cangaço” é uma ação criminosa em que, de modo conjunto e coordenado, dezenas de pessoas, usando aparato bélico com alto poder de destruição (armas de grosso calibre, explosivos e veículos, muitos deles blindados), sitiam cidades inteiras, atacando destacamentos e postos das forças de segurança e roubando veículos particulares, que são estacionados em pontos estratégicos e incendiados para impedir/restringir a ação de policiais, enquanto outra parte do bando arromba e explode agências bancárias.

Tais ações criminosas são marcadas por disparos de arma de fogo para o alto e em direção às pessoas que se avizinham ou que tentam capturar imagens dos bandidos. Não raras vezes, os criminosos utilizam pessoas inocentes como reféns, colocando-as como “escudos”, para impedir a ação policial e permitir sua fuga.