O secretário de Saúde, Luiz Augusto Cardoso, tem duas datas disponíveis para explicar à Câmara por que paga salários acima de R$ 50 mil para três médicos da rede. Em uma manobra política, a base da administração municipal conseguiu colocar em votação o seu próprio requerimento pedindo a presença do secretário. Sem ser convencida, a oposição, que protocolou um dia antes solicitação semelhante, ficou pra trás na hora de apresentar a proposta para votação do plenário.

O requerimento da oposição convocava Luiz Augusto para usar a tribuna da Casa na próxima terça, dia 13. Já o líder do Executivo, Wilson Tadeu Lopes (PV), propôs que a convocação acontecesse no dia 20, uma semana depois, prazo compatível com o dado pelo Ministério Público para obter as mesmas informações do secretário.

Para oposição, secretário não pode deixar de ir à Câmara no dia 13. Foto: Daniela Ayres
Para oposição, secretário não pode deixar de ir à Câmara no dia 13. Foto: Daniela Ayres

“Pelo regimento, a convocação de alguém para prestar esclarecimentos deve ser feita com, no mínimo, cinco dias de antecedência”, argumentou o vereador Mário de Pinho (PT), minutos após a sessão, realizada excepcionalmente nesta quinta-feira (08). De fato, se o prazo mínimo fosse considerado à risca, um meio termo para base e oposição seria realizar uma sessão extraordinária na próxima quinta, dia 15, contando-se apenas os dias úteis.

Em reunião interna, a oposição não entrou em acordo. “Acho que não estão fazendo política. Estão fazendo politicagem”, disse Adriano Pereira (PTN), que reuniu a assinatura de Hamilton Magalhães (PTB), Braz Andrade (PPS), Lilian Siqueira (PSDB) e Paulo Valdir (PSL). Para ele, o secretário não deve ter opção e atender às duas solicitações. “Vem semana que vem e depois na outra”, avaliou.

O pagamento de supersalários a médicos da rede municipal de Saúde é a causa da discussão. A denúncia apresentada nos últimos dias obrigou o prefeito Agnaldo Perugini a suspender o pagamento de horas extras, causa inicialmente apontada para os salários inflados – uma médica chegou a receber R$ 72 mil apenas em janeiro. No início da noite de ontem (08), o secretário Luiz Augusto disse à emissora EPTV que está levantando as informações sobre o caso porque os pagamentos estão sob responsabilidade de diretores da sua pasta.