Roberta, de amarelo, foi eleita pelas outras candidatas como Miss Simpatia. Foto: Henrique Chendes
Roberta, de amarelo, foi eleita pelas outras candidatas como Miss Simpatia. Foto: Henrique Chedes / Reprodução Facebook Fernando Lima

Agências Minas – Quinze detentas de unidades prisionais de todo o Estado trocaram o uniforme vermelho da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) por vestidos de gala na noite da última terça-feira (18/11). Elas concorreram ao título de Miss Prisional Minas Gerais 2014, durante evento no pátio do Complexo Penitenciário Estevão Pinto, em Belo Horizonte.

Tayane Cristina Gonçalves, de 20 anos, do Presídio Feminino José Abranches, de Ribeirão das Neves foi a grande vencedora da competição. Ela desfilou representando a 2ª Região Integrada de Segurança Pública (2ª Risp). Tayane tem 1,75m de altura, pesa 68 quilos e tem como maior sonho ser jogadora de vôlei. Antes de ganhar o Miss Prisional, também venceu os concursos da unidade que está detida e a etapa regional de seleção.

Miss Prisional 2014 eleita, Tayane Cristini Gonçalves, desfila após o prêmio. Foto: Divulgação Agência Minas
Miss Prisional 2014 eleita, Tayane Cristini Gonçalves, desfila após o prêmio. Foto: Divulgação Agência Minas

O segundo lugar do concurso ficou com Lívia Lima Gonçalves, de 22 anos, do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Ipatinga. Já a terceira colocada foi Pâmela Leopoldina, de 18 anos, do Presídio de Ubá. O título de Miss Simpatia ficou com Roberta Carvalho, de 20 anos, do Presídio de Pouso Alegre. Ela foi eleita pelas outras candidatas.

Roberta, foi eleita pelas outras candidatas como Miss Simpatia. Foto: Henrique Chendes
Roberta, foi eleita pelas outras candidatas como Miss Simpatia. Foto: Henrique Chedes / Reprodução Facebook Fernando Lima

A novidade do concurso deste ano foi a eleição da Miss Trans. Oito transexuais que cumprem pena nas unidades da Suapi participaram do concurso. Lis Vitoe Freitas, do Presídio de Vespasiano, foi a vencedora do novo segmento do concurso.

Miss Trans Prisional 2014 eleita, Lis Vitoe Freitas, desfila após o prêmio. Foto: Divulgação Agência Minas
Miss Trans Prisional 2014 eleita, Lis Vitoe Freitas, desfila após o prêmio. Foto: Divulgação Agência Minas

Ressocialização

Dez jurados avaliaram quesitos como beleza, simpatia, postura, corpo, rosto e desenvoltura. Entre eles a Miss Minas Gerais 2013, Janaína Barcelos, que elogiou o evento. “É uma ação corajosa, uma iniciativa importante. Faz a diferença na vida delas, acredito que todos merecem outra chance”, observou.

Mais que um concurso que destaca a beleza das custodiadas em Minas, o Miss Prisional tem como objetivo resgatar a autoestima das mulheres privadas de liberdade, humanizar o cumprimento da pena e promover a ressocialização.

O secretário de Estado de Defesa Social, Marco Antônio Romanelli, destacou a importância deste tipo de ação. “Foi emocionante, muito bonito a participação de todos. Ficamos satisfeitos em ajudar a elevar a autoestima das custodiadas”, disse o secretário.

Durante o desfile as presas usaram traje casual e de gala. As três primeiras colocadas ganharam um book fotográfico: o 1º lugar com 20 fotos, o 2º lugar com cinco fotos, e o 3º com quatro fotos. Os prêmios, além das roupas e da produção das detentas, foram fornecidos por parceiros do sistema prisional.

A iniciativa foi organizada pela Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) e teve o apoio da Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais (CAAMG). O presidente da CAAMG, Sérgio Murilo Braga, também foi jurado do concurso e agradeceu o convite: “Foi muito gratificante participar de um evento cheio de cidadania, que traz luz, esperança e ressocialização para todos os que se encontram detidos em unidades prisionais”, afirmou Braga.

A Miss Minas Gerais 2014, Janaína Barcelos, foi jurada do Miss Prisional 2014. Foto: Divulgação Agência Minas
A Miss Minas Gerais 2014, Janaína Barcelos, foi jurada do Miss Prisional 2014. Foto: Divulgação Agência Minas

Olhares diversos

Apresentadora de programa de televisão, figurinista, empresário do ramo de decoração, advogados criminalistas e designer de jóias são algumas das profissões que compuseram o júri responsável pela escolha da Miss Prisional e Miss Trans da edição deste ano. A ideia foi ter a presença de diferentes olhares para as concorrentes, com a participação de pessoas ligadas à moda, estética, mídia e ao sistema prisional.

Walkíria La Roche, coordenadora das Políticas Públicas voltadas para o segmento LGBT no Estado de Minas Gerais e membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CONEDH) foi uma das juradas. “Este evento mostra a preocupação do Governo de Minas Gerais com a inclusão social, a diversidade sexual e o processo de ressocialização dos detentos”, disse a coordenadora.