
Fiéis da Arquidiocese de Pouso Alegre, em Minas Gerais, puderam acompanhar a sessão de encerramento da fase arquidiocesana do processo de beatificação da Serva de Deus Madre Maria Imaculada da Santíssima Trindade, a Mãezinha do Carmelo.
Após oito anos de trabalho e pesquisa chegou ao fim a fase arquidiocesana que investiga a vida, as virtudes e a fama de santidade da fundadora do Carmelo de Pouso Alegre.
A sessão de clausura aconteceu no sábado retrasado(25) e contou com a presença do Arcebispo Dom José Luiz Majella Delgado, CSsR., o Arcebispo emérito, Dom Ricardo Pedro Pedro Chaves Pinto Filho, O.Praem., o postulador geral da Ordem dos Carmelitas Descalços, padre Romano Gambalunga, OCD, que veio de Roma especialmente para a sessão de clausura, o juiz delegado e chanceler do arcebispado, Monsenhor José Dimas de Lima, o promotor de justiça da causa de canonização, padre Jésus Andrade Guimarães e dois fiéis leigos.
Padres de Pouso Alegre e região, religiosos também estiveram no Carmelo, além de fiéis de diversos lugares. A documentação segue para Roma, onde será analisado e estudado pela Congregação para a Causa dos Santos.
Em entrevista ao A12.com, o vice postulador da Causa, padre Leandro Carvalho falou sobre a espiritualidade e a vida da Serva de Deus Mãezinha do Carmelo.
A12.com – Qual o legado deixado pela Mãezinha do Carmelo para a Arquidiocese de Pouso Alegre?

Padre Leandro Carvalho – O principal legado deixado pela Mãezinha para esta Arquidiocese foi o Carmelo da Sagrada Família que ela mesma fundou aos 26 de outubro de 1943. Quando falo do Carmelo não desejo referir-me apenas à construção atual, que também foi idealizada e realizada por iniciativa da Mãezinha, mas me refiro às Irmãs Carmelitas que nele vivem e ao que elas significam não apenas para a cidade de Pouso Alegre, mas para toda a região.
O Carmelo é um lugar aonde quem chega encontra acolhimento e paz interior. As monjas carmelitas são um reflexo de todo o ensinamento e dos testemunhos deixados pela Mãezinha. São mulheres pobres em termos materiais, mas possuem uma riqueza de coração e de espírito que manifestam o carinho e a bondade de nosso Deus que é Pai amoroso.
Já tive a oportunidade de acompanhar o Arcebispo em visita canônica dentro da clausura, ocasião quase única em que os padres lá podem entrar, pois, segundo o desejo da Mãezinha, aqui se observa com muita seriedade a lei da chamada clausura papal. É muito belo perceber a alegria que perpassa o coração daquelas monjas que só possuem para si o mínimo necessário.
Fiquei impressionado ao ver que, no próprio quarto pessoal, elas só têm uma cama com colchão feito de capim amarrado e um armarinho medindo 40 cm por 40 cm, no qual se guardam a bíblia e alguns livros. Os banheiros são comuns e os seus poucos pertences, como o hábito religioso, material de higiene pessoal e para o trabalho, ficam todos guardados em locais comuns.
Através do Carmelo da Sagrada Família, chamado por alguns de “pedacinho do céu”, Mãezinha continua irradiando, através de suas filhas carmelitas, a certeza de que o maior tesouro de cada homem se encontra em Deus e que somente Ele pode saciar a nossa sede de felicidade e preencher a nossa nostalgia do céu.
Ela mantinha um relacionamento de profundo amor e confiança em Deus e na sua divina providência.
A12.com – O que o senhor destaca da vida e obras da Mãezinha do Carmelo?
Padre Leandro – Entre muitas virtudes, destacaria em primeiro lugar a espiritualidade da Serva de Deus Mãezinha. Ela mantinha um relacionamento de profundo amor e confiança em Deus e na sua divina providência. Outra virtude que decorre da primeira é sua capacidade de carregar com fé a própria cruz junto com a cruz de Jesus Cristo. O sofrimento sempre fez parte da vida dessa Serva de Deus. E mesmo sofrendo ela jamais desanimou!
Destaco ainda outra virtude que impressiona: sua fortaleza e perseverança. Notam-se estas virtudes, sobretudo no início do Carmelo de Pouso Alegre, quando ficou sozinha com as noviças e teve que ser tudo para aquelas jovens: mestra, madre, mãe e amiga. Com poucos recursos humanos e materiais, ela poderia ter desistido dessa obra, mas não o fez!
Quando idealizou a construção do novo prédio do Carmelo, para dar saúde e segurança às outras monjas, teve que tomar a direção de todos os trabalhos e os fez com esmero. Teve que ser forte e perseverante quando faltava dinheiro para pagar os empréstimos feitos para a construção ou quando alguma irmã deixava a comunidade. Até consigo mesma teve que ser forte e perseverante para dominar sua personalidade marcada por um caráter vivo, colérico e de forte vontade.
A12.com – Porque ficou conhecida como Mãezinha do Carmelo?
Padre Leandro – As monjas carmelitas chamam, normalmente, a superiora da comunidade pelo nome de “nossa Madre”. Inicialmente, a Serva de Deus foi chamada do mesmo modo. Três anos depois da fundação do Carmelo de Pouso Alegre, ela começou a ser chamada de “Mãezinha” pelas outras irmãs. O livro diário do Carmelo relata que esse nome foi oficializado no dia 26 de outubro de 1946.
As carmelitas que conviveram com a Mãezinha dizem que ela assim foi chamada por ser realmente a mãe carinhosa das irmãs, sobretudo das postulantes e noviças que ingressavam no Carmelo do sul de Minas. Tal nome se espalhou entre as pessoas da cidade e ela assim ficou conhecida. De fato, poucos a conhecem como Irmã Maria Imaculada da Santíssima Trindade, mas sim como Mãezinha do Carmelo.
Ao entrar em contato com os escritos pessoais da Mãezinha, tive a oportunidade de perceber que ela realmente soube fazer-se mãe zelosa não apenas das carmelitas, mas também de todas as pessoas que a procuravam no locutório do Carmelo e daqueles que a ela escreviam.

Mãezinha do Carmelo.
Em seus caderninhos, Mãezinha fazia questão de anotar o nome, a proveniência, os nomes dos parentes e as orações que as pessoas pediam a ela. Mesmo com todos os afazeres e preocupações da sua missão de superiora do Carmelo, Mãezinha sempre deixou amplo espaço de seu coração reservado ao amor às pessoas.
Sem dúvidas, isso é sinal de seu grande amor, próprio de uma mãe carinhosa! E mesmo depois de sua morte, a Serva de Deus continua a manifestar-se como mãe amável de tantos fiéis que a ela recorrem, sobretudo em suas situações de sofrimentos, doenças e problemas. Muitas são as pessoas que visitam diariamente o seu túmulo, no Carmelo de Pouso Alegre, e inúmeros são os relatos de graças recebidas através da intercessão da Mãezinha.
A12.com – Quais são os próximos passados no processo de canonização?
Padre Leandro – Com o encerramento da fase diocesana, toda a documentação recolhida sobre a fama de santidade da Mãezinha e da vivência das virtudes é levada até a Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano. Lá, esses documentos serão estudados e julgados por uma comissão de peritos em teologia. Caso eles deem um voto favorável a essa Causa, toda a documentação é passada para uma comissão de Cardeais que a estudam e se também seu parecer for favorável, a Causa é levada até o Santo Padre, o qual a decreta ‘Venerável’.
Enquanto isso, se houver alguma graça alcançada – normalmente a cura de alguma doença considerada incurável – e atribuída à intercessão da Mãezinha, inicia-se outro processo para avaliar, através da perícia de médicos e de testemunhos das pessoas envolvidas, se essa cura pode ou não ser explicada pela medicina.
Se não se conseguir explicá-la cientificamente, envia-se o processo para o Vaticano a fim de que, lá, seja julgada pelos peritos médicos e, se for favorável, para um grupo de peritos teólogos. Se novamente for considerada inexplicável, passa para a comissão de Cardeais e, por fim, é enviada ao Santo Padre, o Papa, o qual, se julgar que tal graça é verdadeiramente um milagre, então proclamará beata a nossa querida Mãezinha.
Depois da beatificação, inicia-se outro processo para o estudo de uma segunda graça que, ao final, deverá ser considerada um milagre, seguindo todos os passos anteriores. Se o Papa julgar que tal graça pode ser considerada um milagre, então a beata é proclamada santa.
Todas as pessoas que alcançarem graças por intercessão da Mãezinha do Carmelo, podem enviar seus testemunhos para o Carmelo da Sagrada Família, Av. Comendador José Garcia, 1307, Pouso Alegre – MG, 37550-000 ou pelo telefone (35) 3421- 1103. Mais informações em www.maezinhadocarmelo.com
Fonte: A12.com