O delegado Erasmo Keneddy de Carvalho aparece em vídeo negociando susposto pedido de propina. Imagem: Reprodução EPTV
O delegado Erasmo Keneddy de Carvalho aparece em vídeo negociando susposto pedido de propina. Imagem: Reprodução EPTV

Um vídeo gravado por dois advogados mostra o momento em que o delegado da Polícia Civil, Erasmo Keneddy de Carvalho, aparece negociando um suposto pedido de propina em Pouso Alegre.

Segundo os advogados, a suposta propina seria para ‘facilitar’ um caso de homicídio acontecido no dia 15 de fevereiro em Pouso Alegre. A cliente dos advogados, Ana Carla da Silva, de 26 anos, é suspeita de ter matado o padeiro Igor Jonatas das Chagas, de 25. Os advogados teriam sido obrigados a pagar a suposta propina para que o pai de Ana Carla não fosse colocado como envolvido no caso.

Os advogados contaram que na primeira vez que foram conversar com o delegado, acharam o procedimento estranho. “Eles nos conduziram a uma sala vazia e, dentro desta sala, os dois investigadores, com gestos e posicionamentos, com as seguintes expressões: ‘Não, nós temos que ver como os doutores podem nos ajudar’. Ou expressões do tipo: ‘A gente pode aliviar para o seu cliente ou pode prejudicá-lo. Nós não conhecemos como os doutores trabalham. Então nós gostaríamos de saber como é que vocês trabalham, como que vocês podem nos ajudar’. E coisas e desta natureza”, explicou Gleydston Lopes.

A partir deste momento, eles decidiram gravar toda a conversa com os policiais.

Advogado: O senhor falou aí de…

Delegado: Cinquenta, né? Mas isso é negociável.

Com a conversa em mãos eles procuraram a ajuda do Ministério Público que acionou a corregedoria da Polícia Civil em Belo Horizonte. Os advogados foram então orientados a armar um flagrante. Nas conversas gravadas, aparece o momento em que a data do pagamento é combinada.

Advogado: Terça-feira mais ou menos, doutor, você acha que está bom? Porque segunda tem audiência.

Delegado: Quarta seria melhor para mim.

“Nesta quarta-feira, dia 2, aonde foi feito o flagrante. Na delegacia de polícia, ao chegarmos com um dos nossos clientes para ser ouvido, o delegado já de pronto já solicitou de novo, falou: ‘E aquela questão do dinheiro? Vocês trouxeram?’. Aí nós falamos: ‘Sim’. Ele solicitou, e a gente falou sim”, explica Freire.

Um investigador foi escolhido pelo delegado para buscar o dinheiro, que estaria no carro do advogado.

Delegado: Agora e aquela questão lá, que estava pendente aí? O Abel vai com os senhores, pode ser?

Advogado: Sim.

Delegado: Os senhores querem aqui mesmo?

Advogado: Vamos lá no carro.

Quando eles saíram, o investigador Abel Caetano Filho foi preso em flagrante pela Corregedoria da Polícia Civil. Em seguida, o delegado Erasmo Keneddy de Carvalho também foi preso.

Câmeras de segurança gravaram o flagrante. Reprodução R7
Câmeras de segurança gravaram o flagrante. Reprodução R7

Segundo a assessoria de comunicação da Corregedoria da Polícia Civil, o delegado e o investigador continuam presos na Casa de Custódia, em Belo Horizonte, onde devem permanecer por 30 dias. Nenhum representante dos dois suspeitos foi localizado para falar sobre as acusações até essa publicação.

Outros suspeitos

Outros dois investigadores suspeitos de participação no pedido de propina se apresentaram e foram ouvidos pela Corregedoria. O inquérito já foi enviado à justiça, mas por enquanto eles aguardam em liberdade.“Também serão responsabilizados na forma da lei [se for comprovada a participação], tanto criminalmente, de maneira administrativa e, principalmente, sanções disciplinares provenientes da corregedoria”, afirmou o promotor.

Com informações da EPTV/G1 e portal R7