As detentas que trabalham na produção têm direito à remição: para cada três dias trabalhados, um a menos na pena (Foto: Divulgação/Seap)

Seis detentas produzem cerca de 600 fraldas geriátricas por semana no Presídio de Pouso Alegre, no Sul de Minas. Os trabalhos começaram em janeiro depois de um treinamento de duas semanas. A produção vai para 130 idosos da Comunidade Bom Pastor, na cidade de Congonhal, e para o Asilo Betânia, em Pouso Alegre.

“As fraldas feitas pelas moças são de ótima qualidade. Não deixam nada a desejar em relação às melhores marcas vendidas em farmácias e drogarias”, garante Roseli Coutinho Santos, presidente da Comunidade Bom Pastor há 23 anos.

O termo de parceria, firmado entre as duas instituições e a direção-geral do presídio, representou um alívio para as duas casas, porque, conforme Roseli, a compra das fraldas representava um gasto alto no orçamento dos asilos.

Para a produção das fraldas dentro do presídio, os diretores das instituições compraram uma máquina que monta e sela as peças. A matéria-prima é fornecida pelos parceiros, e as detentas têm direito à remição. Ou seja: para cada três dias trabalhados, um a menos na pena.

A parceria surgiu a partir de uma conversa informal entre uma pessoa que conhece os trabalhos de ressocialização da unidade prisional e outra que atende os idosos. Para o diretor-geral do Presídio de Pouso Alegre, Sérgio Morais, todos os envolvidos beneficiam-se da parceria.

“Para as presas, isso representa o conhecimento de uma atividade possível de ser realizada após o cumprimento da pena. Ajuda ainda a despertar o espírito de empreendedorismo, pois a compra de uma máquina simples pode trazer bons lucros e ajudar nas despesas da família”, afirma.

Satisfação

Carina Aparecida Silva dos Reis, 29 anos, operou durante um ano uma máquina injetora de plástico da qual saíam bonecas, espadas e chocalhos.O trabalho era feito em uma fábrica de brinquedos em Cambuí, a 50 quilômetros de Pouso Alegre. A experiência ajudou Carina a encarar com tranquilidade o desafio de operar a máquina que monta e sela as fraldas. Ela participou do treinamento inicial dado às detentas e, hoje, além de cuidar da produção, ensina todo o processo para as novatas. “Estou orgulhosa da equipe e mais ainda em ajudar os idosos que precisam dessas fraldas”, destaca.

A meta da fábrica é aumentar a produção semanal de 400 para 1.000.  “Vamos ampliar o número de vagas de trabalho para 12”, garante a diretora de atendimento e ressocialização do Presídio de Pouso Alegre, Dayana Aguiar Botelho Pereira.

As seis mulheres privadas de liberdade trabalham de segunda a sexta-feira, das 9 às 15h. Todas usam máscaras protetoras por questão de higiene. O trabalho é dividido da seguinte forma: um dia para a produção das peças e outro para etiquetar e embalar.