Equipamentos roubados eram usados por provedora no Sul de Minas (Foto: PousoAlegrenet)

A Polícia Civil apreendeu na tarde desta quarta-feira (26) equipamentos de telefonia que foram roubados e eram usados por empresas para a transmissão de internet via rádio no Sul de Minas.

A apreensão faz parte de um inquérito, que investiga uma denúncia de que os equipamentos pertencentes a uma multinacional de telefonia celular, foram roubados e eram usados por provedoras no Brasil. A investigação ainda aponta que facções criminosas usavam equipamentos roubados para comunicação.

Segundo a Polícia, ao todo 150 equipamentos foram apreendidos. Eles estavam em uma empresa de manutenção de telefonia em Cachoeira de Minas, em uma antena em Santa Rita do Sapucaí, e a maior parte, em uma empresa provedora de internet em Pouso Alegre.

Equipamentos roubados eram usados por provedora no Sul de Minas (Foto: PousoAlegrenet)

Segundo a investigação, são equipamentos caros, mas que as empresas conseguiam com preço bem abaixo do mercado. Os aparelhos de telefonia eram reconfigurados para levar sinal de internet via rádio.

Uma estação simples, homologada na Anatel, custa em média R$ 50 mil para ser montada, mas com o equipamento clandestino, ficava entre R$ 5 e 25 mil. A Polícia estima que só na apreensão realizada em Pouso Alegre, o valor em equipamentos ultrapassa R$ 2.5 milhões.

Equipamento da operadora TIM foram raspados (Foto: PousoAlegrenet)

Procurada pelo PousoAlegrenet, a empresa Britis Telecom, onde os equipamentos foram apreendidos em Pouso Alegre, informou que está colaborando com as investigações, que possui as notas fiscais dos equipamentos, e provará sua inocência. A provedora informou que emitirá um comunicado ainda hoje aos clientes.

Equipamento da operadora TIM foram raspados (Foto: PousoAlegrenet)

Na noite desta quarta-feira (25), o empresário Thomas Storino Britis, de 37 anos, dono da provedora, se apresentou a delegacia e prestou esclarecimentos. Ele foi autuado em flagrante e recolhido para o presídio de Santa Rita do Sapucaí.

“Ele [empresário] alegou que não tinha conhecimento de como é feita a aquisição e nem de como ele é adquirido, e que a aquisição é feita por funcionários, e que estava sem o controle disso [compra de equipamentos]”, contou o delegado.

Investigação vai continuar em outros pontos do Sul de Minas, afirmou o delegado (Foto: PousoAlegrenet)

Segundo o delegado Daniel Leme Amaral, a empresa de Cachoeira de Minas teria apresentado notas que não eram dos aparelhos: “Eles têm nota de entrada e saída das mercadorias, entendeu? E alegam que é de terceiro, de clientes deles. Só que não têm notas dos aparelhos. Então [são] aqueles aparelhos que nitidamente são de propriedade da empresa operadora de telefone celular, e a empresa não negocia esse tipo de equipamento”, explicou. A apreensão foi acompanha de funcionários da multinacional, que identificaram os aparelhos.

Segundo o delegado, os equipamentos eram roubados de torres de transmissão. Há a suspeita de os roubos possam ter sido realizados por técnicos e funcionários de operadoras de telefonia, que tinham acesso as torres.

A investigação abrange vários estados: “Foram identificado cerca de 300 pontos no estado de Minas Gerais. É uma operação que tem que ser feito a nível estadual. Mas nós vamos continuar investigando pelo menos no Sul de Minas outros pontos”.

* Correção: A declaração do delegado referente as notas se refere a empresa de Cachoeira de Minas. No texto anterior, não havia referencia clara de qual empresa se tratava tal declaração. A informação foi inserida às 14h30m de 26/04/2018

* Atualização: As 17h26m foi inserido na matéria o nome do empresário preso, confirmado apenas após a publicação da matéria. Ele foi para o presídio de Santa Rita do Sapucaí, e não Pouso Alegre como informado inicialmente.