Uma ironia no que seria uma fuga perfeita dos bandidos que atacaram a Caixa em Pouso Alegre. Apesar de terem dominado um posto de combustíveis durante o ataque, os bandidos tiveram que abandonar dois veículos na fuga por falta de combustível.

Essa e outras informações foram passadas pelo Comandante da Polícia Militar, Coronel Oterson Nocelli, em entrevista exclusiva ao PousoAlegrenet sobre o caso, que completou um mês dia 20. O conteúdo, com grande quantidade de informações até então desconhecidas, vem sendo publicado pelo PousoAlegrenet nos últimos dias.

Segundo o comandante, assim que foi avisado do ataque, e com o confronto naquelas circunstâncias dentro da zona urbana fora de cogitação, a PM já focou em realizar os cercos e bloqueios em todas as principais saídas da cidade: BR-381, BR-459, MG-179 e na MG-290.

Traços em azul sãos os bloqueios feitos pela Polícia, e em vermelho o trajeto dos bandidos quase todo pelas estradas vicinais (Montagem PousoAlegrenet)

Mas não adiantou. Os bandidos realizaram praticamente toda a fuga por estradas vicinais. Eles saíram de Pouso Alegre pela estrada do Cristo, que tem início no bairro São João. Assim, já evitaram o primeiro bloqueio feito pela polícia no começo da MG-290.

Tempo depois a PM teve a confirmação que os bandidos haviam passado pelo bairro rural do Cervo, em Borda da Mata. A Polícia teve então a certeza que os bandidos evadiam sentido estado de São Paulo, e para isso, acessariam Andradas (MG). Formou-se então um grande bloqueio, com caminhão atravessado na pista em Andradas. Tudo levava a crer que haveria um grande confronto alí. Só que não foi o que aconteceu.

Antes de chegar em Andradas, e dar de frente com o bloqueio, os bandidos pegaram uma estrada vicinal em péssimo estado sentido Santo Antônio do Pinhal. “De uma forma ou outra eles ficaram sabendo do cerco, ou por sorte eles tinham planejado entrar antes de Andradas. Uma estrada muito ruim por sinal, improvável de ter uma rota de fuga por ali”, conta Oterson.

No caminho, os bandidos deixaram para trás em um cafezal dois carros: uma Captiva praticamente sem combustível, e um Corola na reserva.

Nesse momento eles já haviam atravessado a divisa, estavam na SP-342, sentido Espirito Santo do Pinhal (SP). “A partir daquele momento, já tinha um aparato da polícia de São Paulo, com empenho de Rota, Batalhão de Operações Especiais, força tática, helicóptero, e mesmo assim não conseguiram pegar”.

Um fato curioso aconteceu em um pedágio. Uma viatura da Polícia Militar de São Paulo avistou os veículos um pouco antes e iniciou uma perseguição a distância. Quando chegou no pedágio, três dos quatro carros passaram no “Sem Parar”. O último da fila, uma Tiguan, parou, e lá ficou por alguns minutos, sem saírem do carro, como se esperassem a viatura chegar para o confronto. Sabendo do enorme poder de fogo dos bandidos, a viatura ficou parada mais atrás. Depois de alguns minutos, o quarto carro sai em disparada.

Os bandidos atravessaram Espirito Santo do Pinhal, sentido Mogi Guaçu, ainda na SP-342. Em um viaduto no caminho, a Polícia de São Paulo com Rota e Batalhão de Operações Especiais os aguardava com um grande bloqueio, pronta para um confronto. Mas eles nunca chegaram. Os bandidos conseguiram evitar o confronto com a polícia entrando em uma estrada vicinal, em uma zona de canaviais. Desde então, não foram mais vistos.

“Ou eles ficaram muitos anos, muito tempo estudando essa rota de fuga, com possibilidades de plano A, plano B, e C. Ou realmente eles tinham no meio da quadrilha o guia, que seria uma pessoa muito conhecedora da zona rural, principalmente dessa região”, comenta o comandante.

Confira a entrevista do Comandante sobre a fuga dos bandidos: