Hospital das Clínicas Samuel Libânio (Foto: PousoAlegrenet / Arquivo)

Dados da Secretaria de Estado de Saúde, mostraram que aumentou em mais de seis vezes o número de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Minas Gerais até meados de maio de 2020, em relação ao mesmo período de 2019. Já o numero de casos aumentou dez vezes.

O padrão de aumento se repete na regional de Pouso Alegre, onde o número de casos saltou de 19 para 192 (10x), e o de mortes de 5 para 31 (6x). Já em Varginha, o número de mortes subiu de 2 para 39, um aumento de 20 vezes.

Regional Casos Óbitos
2019 2020 2019 2020
Alfenas 5 80 0 17
Passos 4 47 2 15
Pouso Alegre 19 192 5 31
Varginha 23 234 2 39

Segundo os dados da SES, 90% do motivo da síndrome não é especificada porque os exames clínicos e laboratoriais não mostraram a causa ou porque ainda estão sendo executados.

A suspeita é que o aumento tenha relação com o novo Coronavírus, um das causas das SRAGs. A influenza (H1N1) e outros vírus, e até problemas crônicos, como bronquite, e fatores não infecciosos, como asma e câncer, podem desencadear uma SRAG.

A Covid-19 é apontada como causa de 148 óbitos por SRAG, enquanto diferentes tipos de Influenza causaram mais 13. Outras 51 mortes estão sendo investigadas. Segundo a SES, nem todos os casos de Covid-19 são notificados como SRAG, mas todos os casos graves de SRAG devem ser testados para Covid-19.

Segundo o secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, “Esse dado tem que ser tratado item a item, com bastante calma, para que não caiamos nem em excesso de interpretação, que saia da realidade, nem em interpretação muito conservadora, em que possamos perder notificação de casos de Covid-19”, observou.

Dados do Ministério da Saúde coletados até o começo de maio, mostram que Minas Gerais é o terceiro estado do país com mais hospitalizações por SRAG. Em contrapartida, é o segundo com menor taxa de mortes notificadas como Covid-19.

Falhas em testes são hipóteses para aumento de mortes registradas

Os pacientes hospitalizados com SRAG são um dos casos em que médicos podem prescrever exame de detecção da Covid-19. Por isso, o infectologista Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI) e membro do comitê de enfrentamento ao coronavírus em Belo Horizonte, diz que a alta nas mortes por SRAG, muitas sem explicação exata, não devem-se necessariamente à falta de testes, mas à imprecisão deles.

“A subnotificação não é por falta de exames, nos casos graves. É porque não é fácil fazer diagnóstico 100% preciso para a Covid-19. Na primeira fase da doença, até sete dias, o exame ideal é o PCR. Na segunda fase, é a sorologia. Os exames são feitos, mas a identificação (dos vírus) em laboratório pode ser um pouco falha, seja porque se pediu o exame certo na hora errada, seja porque o laboratório não fez a técnica ideal, seja porque os próprios exames oferecidos têm uma sensibilidade abaixo do ideal”, comenta o infectologista, completando que a tecnologia de identificação da Covid-19 é novidade no mundo inteiro.