Foto: Polícia Civil

Um idoso foi preso na manhã desta terça-feira (21) em Borda da Mata. Lothar Alberto Rossmann, de 71 anos, é suspeito de integrar uma quadrilha que faturou R$ 15 milhões e controlava a maior plataforma virtual de cursos pirateados do Brasil.

A “Operação Black Hawk” cumpriu nove mandados de prisão e 19 de busca e apreensão em seis cidades do Rio de Janeiro, e em duas de Minas Gerais. Em Borda da Mata, onde o idoso de 71 foi preso, e em Juiz de Fora, onde a filha dele, de 35, Letícia Adele Cardoso Rossmann, também foi presa.

Lothar (Foto: Redes Sociais)

De acordo com a Policia Civil, o idoso possui conhecimentos avançados em tecnologia da informação. Ele era o responsável por quebrar a criptografia do streaming de vídeo dos cursos oficiais e transferir os arquivos para um servidor próprio. Nesse servidor as aulas eram disponibilizadas para os clientes das plataformas virtuais, gerenciadas pelo principal suspeito de liderar o grupo.

O suposto líder, Antônio de Jesus Cabral, tem 35 anos e é ex-aluno da AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras). Ele foi preso no Rio de Janeiro. Segundo as investigações, o idoso e o líder do grupo atuam nessa atividade criminosa há quase 20 anos.

Entre outros suspeitos de integrar a quadrilha, estão um Policial Militar, três homens de 20, 22 e 44 anos, e outras duas mulheres de 42 e 56 anos, todos presos no Rio de Janeiro.

Dentre os delitos imputados aos suspeitos estão lavagem de dinheiro, furto qualificado, violação de direitos autorais e associação criminosa.

Foto: Polícia Civil

Prejuízo milionário

Segundo as investigações, o grupo comercializou milhares de cursos preparatórios pirateados, inclusive para os concursos das Polícias Civis dos estados, Polícia Federal e Rodoviária Federal, além de cursos das carreiras fiscais e jurídicas. O prejuízo é estimado em R$ 65 milhões em cursos oficiais.

Os cursos preparatórios, cujos valores oscilam entre quinhentos e dez mil reais, eram pirateados e vendidos pelos investigados em seu site por até 10% do valor original.

Clientes podem ser presos e perder cargos

Um dos clientes identificados na investigação é funcionário do Tribunal de Contas de um estado e utilizou a rede (IP) do próprio Tribunal para fazer a compra de um curso pirateado. Os compradores identificados na investigação estão sujeitos ao crime de receptação, com pena de até 4 anos e, podem ser, inclusive, desclassificados do certame.

Ocultação financeira

Durante a investigação, os agentes descobriram que para ocultar a grande movimentação financeira de origem ilícita, o líder utilizava seus parentes como laranjas. Durante o período foi investigada a mãe do líder, que possui um salão de beleza, teve movimentação bancária de 1,5 milhões de reais e ganho líquido próximo a quinhentos mil reais em operações de bolsas de valores, de acordo com o Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do COAF.

Outro artifício utilizado para ocultar o capital obtido criminosamente era o de manter os bens adquiridos em nome dos vendedores. Com essa mesma finalidade os investigadores identificaram também uma empresa fantasma sediada em um shopping de luxo na capital paulista.

Na ação de hoje, os policiais fazem o levantamento do patrimônio dos envolvidos no esquema criminoso para identificar os bens adquiridos com dinheiro de origem ilícita e embasar posterior sequestro judicial dos recursos.