Padre Robson durante show em Pouso Alegre (Foto: Reprodução Católicos Web TV)

O Padre Robson Oliveira, suspeito de desviar R$ 60 milhões dos fiéis, esteve em Pouso Alegre em 2011, para a abertura da novena do Bom Jesus. Mais de 15 mil fiéis lotaram a Avenida Dr. Lisboa para participar do show do paroco do Divino Pai Eterno.

O show, porém, não terminou com bons sinais. Após o encerramento, a torre da Catedral Metropolitana pegou fogo.

As labaredas foram avistadas por pessoas que acompanharam a missa. Minutos depois, o padre usou o microfone para alertar os bombeiros, que estavam na praça devido a proporção do evento.

Felizmente, as chamas foram rapidamente contidas. O fogo teria se iniciado nas quatro caixas de madeira que serviam de base para fogos de artifício. Embora tenha levantado uma imensa labareda, o fogo não causou nenhum dano à igreja.

Padre é suspeito de desviar R$ 60 milhões dos fiéis

Padre Robson é reitor do Santuário Basílica de Trindade — Foto: Afipe/Divulgação

Nesta sexta-feira (21), houve o bloqueio de R$ 60 milhões de bens da Associação Filhos do Pai Eterno, e a operação “Vendilhões” cumpriu mandados de busca e apreensão. O Padre Robson Oliveira Pereira, de 46 anos, é apontado pelo Ministério Público como líder de uma organização criminosa que desviou R$ 60 milhões.

O dinheiro foi doados por fiéis de todo o Brasil para obras sociais, evangelização e construção da nova basílica do Divino Pai Eterno, em Goias. O valor teria sido usado para compra de fazendas, gado, empresas, e imóveis de luxo. Entre eles, uma casa de praia na Bahia, comprado por R$ 2 milhões a vista.

Casa com piscina aquecida teria sido comprada com dinheiro proveniente das doações (Foto: Reprodução)

Em uma década, os investigadores calculam uma movimentação de quase R$ 2 bilhões nas contas bancárias. “O volume de dinheiro pressupõe alguma ilegalidade ou irregularidade. Mesmo se o Brasil todo resolvesse ser bondoso e caridoso com a construção dessa nova basílica e, fizesse doações, dificilmente chegaríamos a esses bilhões que estão sendo investigados”, ponderou o secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda.

Promotores apreendem documentos na casa do padre Robson, em Trindade — Foto: MP-GO/Divulgação

Outro lado

Segundo a arquidiocese de Goiânia, a Igreja Católica foi “surpreendida” com a ação do Poder Judiciário e do MP, mas aceita “com humildade” os atos praticados pela autoridade judiciária. A nota disse ainda que está, junto à Província dos Missionários Redentoristas de Goiás, “aberta para apurar com transparência quaisquer denúncias em desfavor de seus membros”.

Ainda de acordo com a arquidiocese, o padre pediu afastamento “até que se esclareçam todos os fatos”. O advogado do padre disse que o religioso está “chateado com acusações, mas tranquilo”. Segundo o cliente lhe disse, “aquele que anda com verdade não tem o que temer com acusações”.

A defesa do pároco alega que a Afipe realizou as transações como uma forma de investimento e justificou que os rendimentos são integralmente aplicados na entidade.

“A questão toda era: vou manter todos os recursos que eu recebo dos meus fiéis no banco, com taxa selic de 2% ao ano ou vou fazer aplicações em outros mercados e ter rendimentos maiores?”, disse o advogado Klaus Marques, que representa a Afipe.