Passageiros de ônibus feitos reféns em Pouso Alegre seriam usados como escudo humano em caso de confronto (Reprodução PousoAlegrenet)

Para a Polícia Militar, reter um ônibus para fazer um escudo humano com os passageiros era parte definida da estratégia dos bandidos que atacaram a Caixa em Pouso Alegre. A informação foi dada pelo comandante da Polícia Militar, Coronel Oterson Nocelli, em entrevista exclusiva ao PousoAlegrenet, sobre o ataque de 20 de maio, que completou um mês esta semana.

Segundo Oterson, os bandidos usariam o grande número de pessoas do ônibus como escudo humano em caso de confronto: “Eles vieram com uma estratégia definida. E uma delas com certeza foi pegar essas pessoas inocentes no posto de combustível porque estava logo a frente da área que ele ia atuar, que é o banco. E também pegar esse ônibus, que tinha um grande número de pessoas, que ficaram ali naquela rotatória. E caso houvesse um confronto maior ou houvesse a chegada de um aporte maior da Polícia Militar, com certeza essas pessoas seriam usadas como escudo humano e como refém em último caso. É por isso que nosso protocolo não permite que a gente entre em confronto de troca de tiro em uma situação dessa. Não temos nem condição de avaliar qual seria a quantidade de perdas humanas que teríamos em uma situação dessas”, explica Oterson.

Um mês antes em Limeira, a quadrilha parou ônibus e fez escudo humano com passageiros durante ataque a cofre de penhor (Foto: Reprodução)

A tática de parar um ônibus para fazer um escudo humano com passageiros também foi usada pela mesma quadrilha quando assaltou os cofres de penhor da Caixa em Limeira (SP), um mês antes do ataque em Pouso Alegre (MG). Os bandidos também obrigaram os reféns a ficaram sem camisa.

Outro ponto destacado pelo comandante na estratégia dos bandidos era o armamento: “Essa arma posicionada em cima da caminhonete é uma ponto 50. Usando inclusive tripe. Nesse caso, em qualquer situação de chegada de um Helicóptero, ela já estava bem posicionada, e em condições de abater um Helicóptero”, ressalta.

Armamento usado por bandidos era capaz de atravessar apartamentos e derrubar helicóptero (Imagem: PousoAlegrenet)

Outro ponto que faz parte da estratégia da quadrilha, é o ataque na madrugada: “É uma quadrilha que chegou com uma estrutura logística muito grande, em um horário que a gente não tinha um efetivo policial tão grande assim. Isso faz parte da estratégia deles. Eles agem assim em todos os locais”, disse o comandante. A quadrilha também atacou cofres de penhor em pelo menos quatro grandes cidades.

A dificuldade do uso do helicóptero pela polícia naquelas condições, também já era avaliado pelos bandidos. “Eles sabem também que o emprego de uma aeronave é difícil conseguir pela baixa visibilidade. O Helicóptero em determinada circunstância climática não consegue sobrevoar”.

Outra tática usada pelos bandidos, foi jogar miguelitos nas vias de acesso a Caixa, e também na rota de fuga: “Eles guardaram todos os quarteirão em todos os sentidos porque sabiam que poderia vir reforço policial. Eles também jogaram miguelito, que fura pneu de carro, nas principais vias de acesso que dava a caixa. Uma viatura nossa furou pneu ali no São Geraldo. E na rota de fuga deles eles também jogaram miguelito ali na avenida”.

O comandante lembrou que a polícia não poderia confrontar os bandidos no início da fuga, já que ainda não sabia se reféns tinham sido levados: “Nos trabalhávamos com a hipótese de ter refém [na fuga]. Até mesmo se a gente metralhássemos o carro deles, a gente poderia estar matando reféns. Então a gente trabalha com essa hipótese sempre. Nos só tivemos certeza que não foi levado reféns a partir de determinado momento, que foi feito contato com essas vítimas, e ninguém relatou que alguém foi levado”, lembrou Oterson.

Ainda neste domingo (23) o PousoAlegrenet trará mais novidades exclusivas do caso.

Confira abaixo a parte 3 da entrevista feita pelo PousoAlegrenet com o Comandante da 17ª Região, sobre a estratégia usada pelos bandidos: