Iprem: Prejuízo de R$ 140 milhões (Foto: PousoAlegrenet / Arquivo)

R$ 140 milhões. Esse é o tamanho do prejuízo que investimentos fraudulentos causaram ao Instituto de Previdência Municipal (Iprem) entre os anos de 2012 e 2018. O dinheiro era da aposentadoria dos servidores municipais de Pouso Alegre. E essa conta recairá sobre servidores, e você, contribuinte.

Para tentar recuperar o dinheiro perdido, prefeitura e Iprem entraram com uma ação na justiça nesta segunda-feira (23) contra o ex-diretor do Iprem Eduardo Felipe Machado, o ex-prefeito Agnaldo Perugini (PT), membros do Comitê de Investimentos do IPREM e a empresa Di Matteo Consultoria Financeira (atual DMF Advisers).

Segundo a prefeitura, eles são responsáveis por causar o prejuízo milionário no Iprem, que até 2012, tinha uma carteira segura, rentável e líquida. Entre os crimes apontados estão improbidade administrativa, dano ao erário, enriquecimento ilícito, e violação aos princípios administrativos.

Operação da Polícia Federal recolheu documentos no Iprem (Foto: PousoAlegrenet)

Golpe na mira da PF

Os investimentos fraudulentos chamaram a atenção da Polícia Federal, e fizeram com que o Iprem de Pouso Alegre fosse um dos alvos da Operação Encilhamento. Segundo a PF, o Iprem passou a aplicar dinheiro em fundos que investiam em debêntures de empresas de fachada.

Suborno e prisão

De acordo com a ação, a Sócia da Di Matteo Consultoria, confessou que a empresa subornou autoridades de Institutos de Previdência. Em Uberlândia, o ex-prefeito Gilmar Machado, também do PT, foi preso na operação, assim como membros do Ipremu. Renato Di Matteo, dono da consultoria, estava foragido e foi preso na Itália.

Perugini

O ex-prefeito Agnaldo Perugini foi quem deu posse a Eduardo Felipe Machado no cargo. Um documento mostra que Perugini foi alertado por contadores do município sobre irregularidades. Segundo a prefeitura, ele arquivou a denuncia, manteve e deu novo mandato a Eduardo no cargo.

A ação ainda aponta indícios de que existia tendenciosidade entre os dois, como uma frequência suspeita de visitas de Perugini ao Iprem, e uma transação irregular do Iprem para que o ex-prefeito maquiasse a prestação de contas antes de encerrar seu mandato.

Eduardo Felipe Machado e a manipulação no Iprem

Membros do comitê disseram em processo administrativo que o Comitê era passivo e manipulado por Eduardo Felipe Machado. “tudo isso desembocava no comitê de investimentos do qual este pleiteante fazia parte e TUDO JÁ VINHA PRONTO, ACABADO E DECIDIDO, com retoques com maquiagens operadas na origem, ou seja, no início com a escolha dos fundos que era feita única e exclusivamente pela presidência do Instituto à época”.

Outro evidência de manipulação e inexistência de atividade intelectual e deliberativa nas reuniões do Comitê, é a exitência de atas que são meras cópias das atas de reuniões de outros institutos de previdência disponíveis na internet.

Ressarcimento

A prefeitura pede o ressarcimento integral do dano de R$ 140 milhões, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa civil de duas vezes o valor do dano, três vezes o valor do acrescimo patrimonial obtido, e cem vezes o valor da remuneração recebida.

O que dizem os citados

Procurados pelo PousoAlegrenet, Agnaldo Perugini e Eduardo Felipe Machado disseram que não irão comentar o caso no momento, e que ainda não foram notificados judicialmente. Eduardo Felipe Machado disse ainda que não houve irregularidades.