Um comício com aglomeração gerou confusão e prisões na noite deste domingo (8) em Bom Repouso, Sul de Minas. A Polícia Militar foi acionada para intervir em uma confraternização.

Segundo a PM, a festa estava sendo utilizada como comício político, descumprindo assim o Termo de Ajustamento de Conduta firmado entre o Poder Judiciário, Ministério Público e Coligações partidárias.

Ainda conforme a PM, os policiais foram hostilizados ao chegarem no local. Ao solicitarem que abaixassem o som, um homem desferiu um tapa nas costas de um policial, e as hostilidades aumentaram.

Os militares tiveram que recuar e acionar reforços de cidades vizinhas. Após prenderem o agressor, eles continuaram sendo hostilizados. Visivelmente embriagado, um outro homem também foi preso por incitar insistentemente os populares contra os militares.

Bombas de efeito moral tiveram que ser usadas para dispersar os apoiadores, que segundo a PM, foram até a frente do quartel e ameaçaram invadir o local e arrebatar os presos. Após o registro da ocorrência e exame de corpo de delito, os dois presos foram liberados.

Também foi registrado comício com aglomeração no bairro Pantano dos Rosas, em Estiva. Mas lá, pelo menos, não houve confusão com a Polícia.

Chapa e moradores nega que comício e criticam “violência” da PM em Bom Repouso

Muitos moradores de Bom Repouso (MG) não concordaram com a versão apresentada pela Polícia Militar sobre a confusão na noite deste domingo (8) na cidade. Uma das chapas que concorrem a prefeitura da cidade, também emitiu uma nota questionando pontos da versão da PM.

Segundo a chapa 51 e moradores, a aglomeração não era um comício, não havia candidatos no local, nem material de campanha. Mas segundo eles, havia um carro de som tocando a músicas do candidatos e em volta um grupo de apoiadores da campanha.

De acordo com eles, a PM chegou de forma ostensiva e truculenta no local, onde também havia idosos e crianças. Eles confirmaram que os PMs sofreram hostilidades de pessoas embriagadas que estavam em frente a um bar. Mas que a hostilidade se deu devido a forma truculenta da abordagem e a certa parcialidade no atendimento das ocorrências envolvendo a política local.

“Chegaram com tudo, dando freada. Tinha pessoas de idade ali. Dai a população não aceitou. Foi pra cima pra ajudar o rapaz que estava dentro do carro. E ninguém aceitou ver a polícia fazer aquilo, por ele ser uma pessoa conhecida, de bem na cidade, que ajuda muitas pessoas. Não precisava de tudo isso”, contou Maria Jaciane Silveira, que foi atingida por uma das bombas de efeito moral.

Durante as hostilidades, a principal agressão sofrida pelos PMs, foi um tapa nas costas, proferido por um rapaz que tem laudo psiquiátrico, e que seria inimputável. Ele foi preso. Mas o que mais revoltou os moradores foi a força utilizada pela polícia.

Nas imagens é possível ver que após já ter prendido o agressor, um policial militar lança uma bomba de efeito moral nos moradores. Essa bomba atingiu Maria Jaciane Silveira, que estava acompanhada do seu namorado e do seu filho. Ele teve um ferimento na perna.

Jaciane foi atingida por uma bomba de efeito moral (Foto: Redes Sociais)

“Eu falei pro meu namorado, vamos esperar acalmar, porque não vou passar ali com meu filho. Ficamos distante, a uns 60 metros do local, e nisso o Sargento armou lá da viatura uma bomba e jogou, e caiu no meio, entre eu, meu namorado, e meu filho… Depois que o gás deixou de fazer efeito, é que eu percebi que havíamos machucado”, contou Jaciane.

Criança foi atingida por bomba de efeito moral (Foto: Redes Sociais)

O fato que mais revoltou os moradores, foi a imobilização feita em um homem que aparece bêbado nas imagens. Era ele quem estava dentro do carro de som. Moradores tentaram impedir que ele fosse preso, e ele consegue fugir para dentro da casa de um vizinho, mas foi retirado de dentro pelos Policiais.

Foto: Redes Sociais

Os policiais imobilizaram o homem com um joelho sobre o seu rosto e pescoço, golpe que ficou famoso após causar a morte de um pessoa nos Estados Unidos, e que desencadeou inúmeros protestos contra o racismo e a violência policial.

Foto: Redes Sociais

Diante da cena, os ânimos se exaltaram ainda mais, e os moradores foram pra cima dos policiais tentando tirar eles de cima do homem. Os militares reagiram usando mais bombas de efeito moral.

“As pessoas hostilizaram pela maneira como foi feita a abordagem. Eles abusaram muito da violência. Foi uma medida descabida”, comentou a vítima.

Até o momento a Polícia não comentou as acusações de excesso de força e parcialidade.
Matéria atualizada as 17h34m com informações de moradores e da chapa 51.