Iprem foi alvo da Polícia Federal (Foto: Arquivo PousoAlegrenet)

O rombo no caixa para a aposentadoria dos servidores públicos de Pouso Alegre é ainda maior do que se imaginava. Após uma avaliação atuarial, nesta quinta-feira (27) o Instituto de Previdência Municipal de Pouso Alegre apresentou a Câmara um déficit de quase R$ 800 milhões.

Além dos investimentos em fundos compostos por empresas de fachada, agora, foi apresentada uma possível fraude nos números apresentados pelo IPREM entre 2011 e 2017.

“Saímos de um déficit de R$ 169 milhões para um déficit de quase R$ 800. Esse déficit já estava lá. Não apareceu em um passe de mágica. Só não estava sendo demonstrado como deveria ser”, explicou a presidente do Iprem, Fátima Belani.

Fátima disse ainda que o “Iprem está na UTI, nós precisamos entuba-lo com urgência”, e encerrou sua fala dizendo “Nós estamos à beira da insolvência”.

O Analista Anderson Silva do Iprem detalhou uma situação insustentável por meio de gráficos de evolução da alíquota. “Para o déficit começar a cair é preciso ter uma arrecadação maior que os juros da dívida que o instituto tem” destacou o servidor. Aumento na idade para aposentadoria e mudança na forma de cálculos foram situações colocadas pelo Instituto.

O vereador Igor Tavares (PSDB) questionou sobre a realização do censo previdenciário e o porquê das dificuldades em realizá-lo, tendo em vista que o mesmo é necessário para uma reforma previdenciária. O censo precisa ser feito pelo próprio servidor, mas segundo a Presidente do Iprem, poucos formulários foram preenchidos: “Os servidores parecem que estão em um mundo a parte. A gente percebe um desconhecimento total do que é o Iprem. Um descaso até. Uma falta de vontade de participar. Estão muito desligadas do que está acontecendo lá. Mas na hora que as soluções começarem a abarcar nessa casa, imagino que vai ter um movimento bastante ruidoso”, reclamou Fátima.

O presidente da Comissão que dirigiu a Audiência Pública, vereador Leandro Morais (PSDB) comentou sobre o histórico da intervenção realizada no Iprem no ano de 2018 e fez um paralelo sobre a situação encontrada hoje. Ele destacou que o fato de poder ter ocorrido manipulação de números é uma situação preocupante.

O presidente da Câmara, vereador Bruno Dias (DEM) reconheceu um “elemento” novo diante de tudo o que já era conhecido pela Câmara de vereadores. Ele ressaltou a prestação de contas do Iprem, que segundo ele teria sido feita por anos de forma irregular. “Nós temos um elemento novo apresentado aqui. Até então, os crimes relacionados aos processos licitatórios e papeis podres do IPREM já eram de conhecimento dessa casa… Agora você traz uma informação relativamente nova, que é uma fraude nas prestações de conta, uma fraude nos números apresentados nessa casa em gestões passadas. Especialmente as alíquotas sendo baixadas em períodos para fins eleitorais, espoliações que podem ter sido feitas, e um conjunto de informações falsas, de manipulações de dados, para criar a falsa ilusão que o instituto tinha uma solvência maior do que de fato tem.”, disse Bruno.

O presidente disse que a Câmara irá tomar medidas sobre o assunto. “Então vou discutir com os vereadores, caso seja necessário fazer uma comissão de estudo, para auditar esses números. Inclusive para que a gente possa tentar também, tentar fazer a cobrança judicial do prejuízo a quem prestou as informações de forma equivocada”, concluiu.

Recordando o caso

O rombo do Iprem veio a tona após o instituto ser alvo da Operação Encilhamento da Polícia Federal. Foi apurado que o Iprem colocou o dinheiro dos servidores em fundos podres, sem lastros. Esses fundos investiam em empresas de fachada, que não poderão devolver o valor investido.

Uma intervenção foi feita no Iprem para apurar as irregularidades. A prefeitura entrou na justiça para tentar ressarcir R$ 140 milhões. Agora, foi apresentado que os números teriam sido fraudados entre 2011 e 2017, e que o rombo é ainda maior.