Foto: PousoAlegrenet / Arquivo

Era para ter sido votada por credores em assembléia nesta terça-feira (30) o plano de recuperação judicial da Expresso Gardênia. A assembléia, porém, não obteve quórum suficiente, e foi adiada para o dia 7 de dezembro às 13h, quando ocorrerá independentemente de número de participantes.

Segundo o plano de recuperação judicial, a empresa tem dívida total de R$ 54 milhões, sendo R$ 12 milhões com funcionários, e R$ 42 milhões com fornecedores e prestadores de serviços.

A proposta da Gardênia para os funcionários com parcelas salariais a receber é de pagamento em parcela única limitada ao montante de cinco salários-mínmos. Os funcionários com outros valores a receber que não salário, terão o valor pago 11 parcelas com 60 dias de carência.

Para os demais credores (fornecedores, e etc), a proposta é de que as dívidas sofram deságio (desconto) de 70%, que comecem a ser pagas dois anos após a homologação judicial, e em 120 parcelas mensais (10 anos).

Caso os credores rejeitem a proposta estabelecida no plano de recuperação judicial, a Gardênia ainda durante a assembléia fazer outra proposta. Mas caso não aja acordo, ela passará para estado de falência. Em caso de aprovação, a empresa deverá começar a cumprir o acordo. Qualquer uma das decisões, deverá ser homologada pela justiça.

O PousoAlegrenet conversou com o advogado e administrador judicial Claudinei Ferreira Moscardini Chavasco, que representa alguns credores. Ele acredita que o plano será rejeitado:

“Eu compreendo que os credores não aprovarão o plano de recuperação nas condições apresentadas. O deságio [70% de desconto] está muito fora do que tem oferecido companhias no mercado nas mesmas circunstâncias. Ela tem 54 milhões de obrigações, onde 12 milhões terá que pagar em 12 meses, que são as dívidas trabalhistas. As demais ela pagará em 12 anos, com dois anos de carência, ou seja, 14 anos. Dentro da realidade patrimonial da empresa hoje, que totaliza pouco mais de R$ 150 milhões, somando os ônibus, os imóveis e valores de concessões, nós compreendemos que ela tinha condições de oferecer um fluxo de pagamento que fosse mais justo. Ela pede hoje um deságio de 70% sobre as dívidas atualizadas”, explicou o advogado.

Foto: Redes Sociais / Arquivo

A Gardênia tem 57 anos, emprega 1.500 colaboradores diretos e indiretos, e possui uma frota de 400 veículos. Em crise financeira, nos últimos anos começaram a ser cada dia mais frequentes os acidentes com os ônibus da empresa, que teve a pior avaliação do país em pesqusa da ANTT.

Além de problemas com freios, houve incêndios, rodas saindo em movimento, entre outros. Recentemente a empresa vendeu diversas linhas que considerava pouco lucrativas no Sul de Minas.

O PousoAlegrenet procurou a Gardênia, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para a empresa.